O avanço tecnológico, a disponibilidade de informações cientificamente estabelecidas e a escala de mercado produziram as condições necessárias ao crescimento e a consolidação da energia solar, que é hoje a fonte de energia que mais cresce no mundo e no Brasil.

Projetos de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (P&D) foram realizados ao longo das duas últimas décadas para atender a forte demanda de dados solarimétricos confiáveis que possibilitassem compreender a distribuição espacial do recurso de energia solar e sua variabilidade ao longo do tempo, considerando a atenuação pela atmosfera e os fatores sazonais associados ao movimento orbital da Terra em torno do Sol. Em 2006, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) lançou a primeira edição do Atlas Brasileiro de Energia Solar com uma metodologia inovadora empregando dados de satélite, que logo se tornou referência de informações para essa fonte de energia no país. O Atlas, em sua segunda edição revisada e ampliada de 2017, aponta o Estado da Paraíba como uma das regiões do país com grande potencial para exploração da fonte solar.

Políticas públicas de incentivo à geração de eletricidade a partir de fontes renováveis de energia foram implementadas ao longo das duas últimas décadas com o intuito de diversificar a matriz elétrica do país, assegurando maior segurança energética, alinhadas aos compromissos internacionais de redução das emissões de gases de efeito estufa.

A primeira usina de geração solar fotovoltaica conectada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) foi instalada no Brasil em agosto de 2011, no município de Tauá, no sertão do estado do Ceará e, a partir daí, iniciou-se a inserção continuada de novos projetos de centrais fotovoltaicas impulsionados, a princípio, pelos leilões de energia e, posteriormente, pelo mercado livre. O marco que estabeleceu a base para o mercado de microgeração e minigeração distribuída de energia no Brasil foi a Resolução Normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) nº 482/2012, revista em 2015 pela Resolução Normativa nº 687 para a regulamentação do segmento de geração distribuída. Esta norma introduziu o sistema de compensação de energia junto às distribuidoras de energia elétrica, alavancando o crescimento da geração fotovoltaica por residências, estabelecimentos comerciais, industriais e o setor público. A Lei 14.300, de 06 de janeiro de 2023, instituiu o marco legal da microgeração e minigeração distribuída, que regulamenta o Sistema de Compensação de Energia Elétrica (SCEE) e o Programa de Energia Renovável Social (PERS) da geração distribuída.

A cadeia de produtos e serviços relacionados à geração solar fotovoltaica tornou-se um importante vetor da economia local e regional, promovendo a sustentabilidade ambiental e impulsionando a qualidade de vida e o desenvolvimento social através da geração de empregos qualificados. Além disso, vem promovendo o acesso à energia para a população ainda não atendida pela rede elétrica convencional e a expansão de serviços básicos para a população em regiões remotas. Compreendendo a relevância desses aspectos, o Governo do Estado da Paraíba investiu na elaboração do Atlas Solarimétrico da Paraíba, disseminado por meio deste documento impresso e da ferramenta interativa web. Os dois produtos visam não somente a divulgação como também o acesso interativo amplo a um conjunto de informações confiáveis sobre a disponibilidade de energia fotovoltaica no território paraibano.

O Atlas foi desenvolvido com base em moderna tecnologia de modelagem computacional baseada em dados de satélites. Em sua versão interativa, permite a consulta e a simulação do aproveitamento do recurso solar em qualquer localidade ou área do estado da Paraíba. As incertezas nas estimativas da irradiação solar incidente foram determinadas com base em dados observados em estações solarimétricas e meteorológicas terrestres operadas na região por instituições públicas e empreendedores privados, que colaboraram com este projeto.

A interface gráfica da ferramenta interativa na web foi elaborada para oferecer experiência intuitiva e amigável nas diversas plataformas digitais (computador, smartphone ou tablet), e disponibiliza relatórios que podem ser impressos ou armazenados no equipamento do usuário. Um tutorial interativo está disponível para orientar usuários em caso de dúvidas sobre os procedimentos de consulta ou simulação.

Sem dúvida, este Atlas Solarimétrico da Paraíba representa um marco importante na disseminação de informações confiáveis e cientificamente embasadas sobre o potencial de geração de energia solar, fomentando investimentos e geração de empregos, além de contribuir com o esforço mundial para reduzir as emissões de gases do efeito estufa por meio de uma fonte de energia inesgotável, limpa e abundante na região.